Nascido em 1986 em Itabuna (BA), RODRIGO SANTOS SOUSA veio para São Paulo aos nove anos na companhia dos avós e tios maternos que o criaram. O jovem busca em sua memória as referências sociais da infância e elege a avó “benzedeira”, devota de Cosme e Damião, na incansável distribuição dos doces e nos rituais do caruru. Rodrigo atribui seu olhar social a essa cultura relacional e generosa de origem. E o lado artístico? Também na Bahia começou aos três anos ajudando o tio a “silkar” uniformes para vários colégios, o mesmo que o ensinou a ler nessa idade. Na cidade paulistana, reencontrou com o padrasto multiartista. Recorda a vez que sua mãe foi a Bahia com o marido. Rodrigo vê a cena – ele com seus cinco anos e o padrasto catando conchas e estrelas-do-mar que magicamente se tornavam quadros. Sua mãe já morava há sete anos em São Paulo e casou-se com esse “multiartista”, forte inspiração para Rodrigo.
Na Vila Santa Inês, zona leste da cidade, o destino une Rodrigo e Ozana Sousa . Frequentadores da mesma igreja nunca tinham se falado. Um amigo em comum levou Rodrigo para tocar violino na casa de Ozana que tocava órgão. Rodrigo e Ozana estão juntos há oito anos e meio, sendo quatro e meio casados – e é ele que faz questão de contar os “meio” anos.
Rodrigo já fotografava e tratou de ensinar o ofício para a namorada. Daí para nascer o coletivo Mundo em Foco foi rápido. Em 2004, a primeira oficina de fotografia inspirou e desencadeou um processo de empreendedorismo social sem data para acabar. As cinco primeiras edições do Prêmio Criando Asas contemplaram projetos da dupla, sendo eles Jovem Mundo Social (1ª edição 2006-2007), Click na Lata (2ª ed. 2007-2008), Click na Máquina (3ª ed. 2008-2009), Cine B.O. (4ª ed. 2010-2011), NUVEM (5ª ed. 2011-2012). E muito trabalho.
Graduado em Produção Audiovisual, na UNIP, Rodrigo faz pós-graduação e é professor de comunicação na ETEC Jornalismo Roberto Marinho e na Fundação Gol de Letra. O veterano da 2ª Oficina de Edição do Instituto Criar encontra todo final de ano com os colegas. A maioria trilhou um caminho diferente e já tem uma vida mais estabilizada. O fotógrafo acha inevitável a comparação. E diz que seria ótimo ter viajado para aquele ou outro lugar como fizeram os que investiram em si mesmo. “É uma escolha. A gente primou por investir mais na comunidade.”
Por Maria Beatriz Alves de Araujo
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