MARIA CRISTINA MARTINS é de 1968, recifense e aos 10 anos mudou-se com a família para a zona norte de São Paulo. Dois dias depois de sua chegada, foi pela primeira vez ao cinema na Penha com as primas. Ficou encantada. Aos 21, Maria Cristina saiu de casa para se casar. Teve Lidiane e Liliane sem nunca deixar de apoiar seus pais.
Ex- funcionária da Nestlé, a mãezona abriu mão do emprego quando a fábrica de biscoitos mudou de cidade. Hoje é copeira no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e desde setembro de 2011 é líder do projeto “Amigos do Verde” juntamente com as filhas.
Essa história começou quando o vizinho Felipe da Silva Santos, ex-aluno de Edição do Instituto Criar, convidou Maria Cristina e suas duas filhas para integrarem o projeto que promoveria recursos culturais e entretenimento para as crianças da Rua São Roque de Minas, no Jardim Antártica, onde moram. Entre escrever o projeto, inscrevê-lo no edital do Prêmio Criando Asas e aguardar o resultado, o quarteto já iniciou uma campanha de apresentação, inscrição das crianças e limpeza da rua. O projeto venceu o 5º Prêmio Criando Asas (2011-2012) e desde então Maria Cristina é outra pessoa.
Para educar as crianças Cristina se vale de sua experiência com as meninas. “Eu sempre me desdobrei para dar conscientização e conhecimento para as minhas filhas.” Cristina e as filhas em um ano de projeto já levaram a criançada para vários pontos – Parque da Cantareira, Ibirapuera, Casa das Rosas, Horto Florestal, SESCs, Museu Afro Brasil, Itaú Cultural, além das oficinas, sessões de cinema e festas de datas comemorativas. A educadora nata completou o ensino médio e hoje cursa o 2º ano do curso técnico de Magistério. Mesmo que não possa enfrentar uma sala de aula – ela tem um problema no joelho – quer trabalhar com as crianças dentro da comunidade.
Cristina, há oito meses, voltou com a família para o COHAB Jardim Antártica, onde a mãe, que ficou viúva, mora. Sua casa da Rua São Roque de Minas, Cristina disponibilizou para o Amigos do Verde. A “tia” vem conquistando os pais das crianças com os resultados alcançados com seus filhos. O projeto se mantém com uma pequena retirada de seu salário. “Eu acho pouco, porque o que eu estou passando pra eles é muito, entendeu?”, afirma a estudante de 44 anos que há três presta o Enem e conta com o apoio total de seu marido na empreitada.
Felipe estava absolutamente certo quando chegou e disse, “tia, tenho um projeto que é a sua cara”.
Por Maria Beatriz Alves de Araújo
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