LILIAN DE CASTRO DOS SANTOS nasceu em 1984, no bairro de Santo Amaro (SP), região onde mora com a mãe e a irmã mais nova. Não foi sempre assim. Durante seis de seus 28 anos de vida, foi casada com um nigeriano, morou em São Bernardo do Campo (SP) e chegou a viver em Lagos (Nigéria) durante um ano, em 2009. A editora encarou uns freelas para a TV local, se virou no inglês e achou o “yorubá”, a língua local, muito difícil. Na volta ao Brasil, separou-se e voltou a morar na casa da mãe. A terceira filha de quatro meninas é objetiva quanto à separação, “quando algo não dá certo, temos que mudar e seguir em frente”.
Depois de perder o pai, a adolescente descobriu perto de sua casa o Espaço Criança Esperança no Jardim Ângela e cursou de esportes, dança e música a câmera, áudio, edição e produção musical. Por gostar muito da área, editou alguns vídeos educacionais. No paralelo, Lilian também foi atriz e dançarina. No grupo “A Fúria” fez quatro anos de teatro amador e na Cia Sansacroma estudou três anos de dança. Quando o Criança Esperança a indicou para o Instituto Criar era 2004, o ano da implantação da ONG. E lá se foi a menina de 20 anos para a 1ª Oficina de Edição, ofício que desde 2005 é seu prazer e sustento.
A veterana também teve a oportunidade de ter seu projeto “Imagens de Uma Vida Simples” vencedor do 1º Prêmio Criando Asas (2006-2007). O objetivo de documentar a história do artista negro brasileiro Solano Trindade, um guerreiro contra o preconceito racial e um dos fundadores do Embu das Artes se cumpriu. Estima-se que nos últimos seis anos, mais de sete mil espectadores assistiram ao documentário.
Realizada, Lilian se sentiu transformada depois da experiência com o Criando Asas. “A gente pensa que tudo é possível pra quem quer e vai atrás. Ele me transformou nesse sentido, se a gente quer, a gente consegue fazer.” A editora que veio de regiões carentes como Jardim Ângela e Capão Redondo aprendeu a correr atrás, improvisar, pedir ajuda para os amigos. “A gente precisa de amigos que possam ajudar a gente.”
Por Maria Beatriz Alves de Araújo
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