GEISSON SILVA nasceu em 1987 em Pesqueira (PE), mas ainda bebê veio para São Paulo, onde foi criado pelo pai e pela madrasta “tia Nice”. Com o pai, provedor e guerreiro, enfrentou machismo e por muito tempo pensou não ser filho legítimo. Na “boa-drasta” teve um modelo de humanidade, altruísmo, organização e trabalho. Geisson sempre foi estudioso da área de humanas, “porque ela permite você criar coisas que não existem, reinventar ou potencializar”.
No Ensino Fundamental, sua introspecção não o deixou conquistar a popularidade que necessitava para praticar seus ideais. Aos 16 anos, sua vida começa a mudar quando passa a ser bolsista voluntário no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids). Foi no Ensino Médio, quando era já voluntário da Escola da Família, que sua chapa Conexão Jovem ganhou a eleição e Geisson montou o primeiro Grêmio Estudantil da escola. Nesse momento, seu potencial articulador começava a gerar resultados. Desse seu fazer pelas coisas que o incomodam surge o Cinemateus, coletivo que o move até hoje. Em 2006, Geisson é indicado pelo CPA (Centro de Profissionalização de Adolescentes) Padre Bello para o Instituto Criar, onde é aprovado para a 3ª Oficina de Direção e Roteiro. No Criar encontrou algumas das ferramentas que procurava para dar continuidade ao Coletivo, mas por falta de afinidade com a didática, Geisson desinteressou-se das aulas e não pode concluir o curso.
Nessa mesma época, aos 19 anos, o caçula de cinco irmãos recebe a visita de sua mãe biológica. O encontro em nada modificou seu sentimento de “falta de mãe” e sua vontade de não usar o sobrenome da mãe. Geisson confessa que, se pudesse colocaria o sobrenome da madrasta em seu nome.
Em seu processo de construção, Geisson chega ao Geração MudaMundo, da Ashoka, quando o Cinemateus é selecionado e recebe o incentivo “Semente”. Oficinas, brincadeiras, desfiles de moda e crianças muito agitadas. A leitura de Geisson para crianças “encapetadas” é que elas estão pedindo atenção. Surge o “Projetando para o Futuro“, um dos vencedores do 5º Prêmio Criando Asas (2011-2012), experiência que levou seu projeto para frente mais uma vez. E assim tem sido. De premiação em premiação, das oportunidades de prestar serviços e de compartilhar a metodologia do Cinemateus em eventos de empreendedorismo social, Geisson tem persistido na luta de articular jovens em prol da transformação. Está mais do que nunca convicto de que sozinho não conseguimos mudar nada.
Geisson passou a ser ateu, depois que se decepcionou com a Igreja Católica e não foi aceito pela Evangélica. Em suas próprias palavras, é “negro, classe baixa e homossexual”, o que o faz ser vítima de preconceitos constantemente, inclusive por alguns alunos. Mas como um guerreiro incansável, o pesqueirense de 25 anos acredita que a diversidade ajuda a transformar o mundo e não abre mão dessa causa maior.
Por Maria Beatriz Alves de Araújo, 2012
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