Nascido em 1985 na Vila das Belezas, zona sul de São Paulo, ADRIANO CRUZ DE OLIVEIRA teve uma infância “estruturada e tranquila”. Aos 12 anos, ingressou na Associação Comunitária Monte Azul, onde conheceu o teatro e as artes em geral, além de vários cursos. Um bom exemplo é o de Corte e Costura. Aos 15 anos, foi costureiro em oficinas de bolsas promocionais. Ao ver a placa, consultou a mãe, que lhe disse “filho, vai, mas você não precisa. Tenha a consciência que depois você vai ter responsabilidade”. Quando Adriano quis parar, ela não deixou mais.
Angustiado pelo “o que fazer da vida”, o jovem de 23 anos chega ao Instituto Criar, cursa Iluminação embora seu desejo fosse Edição. E o destino estava mais uma vez certo. O menino que tem suas fotos PB de infância guardadas como relíquia, apaixonou-se pela imagem. “Quando você aprende iluminação, automaticamente você está aprendendo como vai olhar, aonde precisa daquela luz”, explica o fotógrafo que estimula a formação do olhar das crianças e jovens que passam por suas oficinas. Adriano foi um dos vencedores do 4º Prêmio Criando Asas (2010-2011) com o projeto Percebendo Olhares.
Como diria o povo “o menino virou gente”. Hoje com 27 anos, presente de 2ª a domingo na Monte Azul, Adriano é um educador reconhecido e realizado. “Você só vai conseguir ter um jovem perto de você, se estiver com ele, presente, virar referência”, diz o professor. Entre idas e vindas, o mestre atualmente assume o núcleo “Tecendo o Futuro”, com jovens de 14 a 21 anos. Adriano já foi a Europa duas vezes para intercâmbios culturais da própria Monte Azul, que foi fundada pela pedagoga alemã Ute Craemer, 74 anos. A associação tem voluntários estrangeiros desde a sua fundação. Adriano tem vontade de passar um tempo na Inglaterra ou na Alemanha, onde formou amigos e já recebeu vários convites.
Sua mãe, copeira em um banco, aparece vez ou outra com uma proposta de trabalho. Mas Adriano só sente chamado pelo trabalho social. “Cada um nasce com uma semente dentro de si. Se você trabalha com a verdade, um dia vai ter resultado.” O fotógrafo confessa às vezes perder o sono quando um de seus alunos “não floresce”. Mas depois se fortalece, “precisa estar mais preparado para o próximo”.
O jovem ainda arruma tempo para promover mensalmente encontros culturais e musicais no bairro. O projeto Jazz na Comunidade, o Sarau no Centro Cultural, o Cineclube, são alguns deles. Recentemente, organizando sua terceira viagem para fora, voltou a morar com a família, para dar assistência ao pai que está com problemas de saúde. E enquanto não tem os três filhos que pretende, o bom filho, iluminador nato, vai deixando seu rastro de luz por onde quer que passe.
Por Maria Beatriz Alves de Araújo, 2012
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